Registro do médico está cassado desde 2004
Um médico de 70 anos foi preso nesta quinta-feira (11) por usar registro profissional falso durante o exercício da medicina em Buri. A prisão ocorre em meio à crise de saúde causada pela Covid na cidade. Em oito dias, três pacientes morreram à espera de leitos.
De acordo com a Polícia Civil, o homem, que é médico, mas está com o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) cassado, atendia no Pronto Atendimento que serve como centro de referência do tratamento da Covid-19 no município usando dados de outro profissional.
Ainda conforme a polícia, o médico está com o registro do CRM cassado desde 2004. Ele trabalha para uma empresa terceirizada contratada pela prefeitura para o atendimento em caráter emergencial de pacientes com coronavírus.
O profissional começou a trabalhar na unidade de Buri nesta quinta-feira (11) e teria atendido apenas duas pessoas quando foi constatado que estava usando o CRM e o carimbo de um médico do Espírito Santo.
A polícia foi chamada à unidade médica e, quando os policiais solicitaram que o homem apresentasse o registro, ele disse que não os possuía no momento e que teria esquecido em casa.
Na, delegacia de Buri, o delegado constatou que ele estava com o CRM cassado há 17 anos e que, desde então, vinha exercendo ilegalmente a profissão, tendo registros do crime em 2010 e 2013.
O homem foi preso em flagrante, não pagou a fiança de crime contra a saúde pública e foi levado para a cadeia transitória de Capão Bonito (SP). O médico deve passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (12).
De acordo com o delegado, um inquérito foi instaurado para descobrir o motivo da cassação do CRM original do indiciado, além de identificar como ele conseguiu a documentação falsa.
A empresa terceirizada foi procurada e não soube informar há quanto tempo o profissional estava prestando serviço com registro ilegal.
Fila por leitos
Buri é uma das cidades da região de Itapetininga que vem sofrendo com a alta procura por atendimento de pacientes com Covid.
O prefeito Omar Chain (PP) declarou que a contratação de uma empresa terceirizada foi a alternativa encontrada pela prefeitura para suprir a ausência de médicos no pronto atendimento no tratamento da Covid-19.
A prefeitura registrou na terça-feira (9) a terceira morte de paciente com Covid à espera de uma vaga de UTI.
O município, que não conta com unidades de terapia intensiva, possui, nesta sexta-feira (12), 17 pacientes internados nos leitos do pronto atendimento, sendo que 11 estão em estado de observação e seis aguardam transferência para outros hospitais da região.
De acordo com o prefeito, assim que o médico chegou para trabalhar, a equipe de saúde desconfiou do registro e foi averiguar se a documentação estava correta, descobrindo que se tratava de um profissional do Espírito Santo.
Dessa forma, a equipe chamou a polícia e o médico foi levado para a delegacia. Ao contrário da versão apresentada pela Polícia Civil, Chain disse que o médico não chegou a atender paciente.
Fonte: G1