Delegado diz que criança teve infecção generalizada e que ainda apura possível negligência médica.
Família de Lorrane Victória de Pontes, de 7 anos, denunciou omissão de hospital em Capão Bonito (SP), onde a menina teria sido atendida após cair na escola.
A Polícia Civil de Capão Bonito (SP) informou, nesta quarta-feira (24), que o laudo necroscópico apontou que Lorrane Victória de Pontes morreu por uma infecção generalizada e não teve relação com a torção que a menina tinha no tornozelo.
A criança de 7 anos tinha sido levada até a Santa Casa da cidade no fim do mês passado por ter se machucado na escola onde estudava, conforme um tio dela relatou ao g1.
Na época, a família denunciou descaso por parte do hospital, já que buscou atendimento médico três vezes e Lorrane só foi atendida por uma pediatra no terceiro dia. Um boletim de ocorrência foi registrado, e a Polícia Civil passou a investigar o caso.
Nesta quarta (24), o delegado responsável pelas investigações explicou que, apesar da menina apresentar vômito e diarreia nos dois primeiros dias em que buscou atendimento no hospital, os médicos focaram no tratamento do tornozelo dela.
Por isso, a Polícia Civil trabalha para identificar o que causou a infecção generalizada em Lorrane e se a doença poderia ter sido descoberta pelos dois primeiros médicos que a atenderam, configurando uma possível negligência.
O delegado disse ainda que, apesar da torção no tornozelo, também não ficou comprovado que a menina caiu na escola onde estudava.
Morte e repercussão
O caso de Lorrane ganhou repercussão nas redes sociais no início do mês. Em entrevista ao g1, o tio de Lorrane, Rubens Silvério da Silva, explicou que a menina se machucou na escola no dia 28 de outubro, e a mãe foi comunicada para buscá-la.
Ele disse que a mulher levou a filha à Santa Casa, onde a criança fez um exame de raio-X, foi medicada e enviada de volta para casa. Conforme a família, Lorrane estava com dores na perna, vomitando e com febre, e os médicos disseram que poderia ser uma virose.
Segundo o tio, a perna da menina começou a ficar mais inchada e a mãe a levou ao hospital novamente no dia seguinte. Dessa vez, ele contou que os médicos colocaram uma tala na perna de Lorrane e a liberaram.
Na terceira vez em que a menina foi levada à Santa Casa, no último dia 31, Rubens contou que a sobrinha foi atendida por uma pediatra. De acordo com a família, a menina estava com a boca roxa e precisou de oxigênio.
A família contou que Lorrane fez exame de raio-X no estômago e que a médica percebeu que o fígado dela estava inchado. Na sequência, a profissional solicitou que ela fosse transferida para Sorocaba para novos exames, e a menina morreu a caminho do hospital.
Na época, em nota à Tv Tem, a Santa Casa de Capão Bonito confirmou que Lorrane foi atendida pela instituição nos dias 29, 30 e 31 de outubro, mas negou que houve omissão no atendimento.
Segundo a unidade, "no terceiro atendimento, constatou-se tratar-se de caso potencialmente grave em decorrência dos sinais e sintomas apresentados e, prontamente, foi solicitada vaga de transferência via CROSS, que foi concedida para o Hospital Regional de Sorocaba".
A Santa Casa informou que a paciente foi acompanhada durante o transporte por médica especialista e morreu durante a remoção.
A instituição também disse que decidiu encaminhar o corpo ao IML para esclarecer a causa da morte e que, no momento, era "precipitada qualquer especulação e conclusão". A unidade também lamentou a morte de Lorrane, disse que se solidariza com familiares e amigos e que uma sindicância médica iria apurar todos os detalhes dos atendimentos.
Fonte: G1